Orla do Porto, um Turismo que não existe em Cuiabá.

                                                              Karina Rodrigues Taques[1]

Foto- Orla do Porto

       No aniversário de Cuiabá, dia 8 de Abril de 2017, ocorreu um Roteiro Turístico com o tema Cuyaverá Magic Oeste World. Uma intervenção realizada pela disciplina Tópicos Especiais em Poéticas Contemporâneas: Atrações Temporárias e Estéticas Emergentes na Cidade, remete a pensar quanto a Orla do Rio Cuiabá.
       O autor Guattari relaciona o desejo como maior ponto que define um processo de produção de universos em 3 movimentos, diz que:

No primeiro enfoca o corpo vibrátil, sendo tocado pelo invisível das experiências, esse invisível percebe que a composição é efeito de uma série de processos de simulação. No segundo momento, é a simulação no sentido de “para onde as intensidades vão”, elas existem e estão sempre efetuadas em máscaras, algo que aposta no novo, essas máscaras servem como condutor de afeto e credibilidade. E no terceiro momento resulta no processo de produção, a dinâmica das ondas e das vibrações desses afetos, com o estado intensivo da potência de afetar e ser afetado desses corpos, em um conjunto de afetos que preenche a cada momento. (GUATTARI, FELIX, 1996, Pág. 12)

       Este trecho aborda os estudos das culturas, subjetividade e transformação contemporânea dos desejos. Faz entender que a cartografia está bem no plano de sentir, do ser afetado e de perceber pela sensibilidade. Um exemplo seria perceber a situação, no sentido de sentir uma experiência, os movimentos que ela toma e a autora trata invisível para sentir a experiência.

       Contar a história do Porto é reviver a descoberta das Lavras do Sutil, em 1722. O bairro ainda guarda construções seculares como Mercado do peixe, hoje conhecido como Museu do Rio (Câmara de Cuiabá).

    A Orla do Porto foi desenvolvido no mandato do Prefeito Mauro Mendes que pensou em vender uma cidade turística como forma sustentável aos Turistas, comparando a cultura de outras localidades (Barcelona, Buenos Aires) com a de Cuiabá. O que na prática existe um pouco de ironia nesta revitalização, devido que a plantação de árvores que não são nativas da região, representação de um calçadão como na cidade do Rio de Janeiro, neste local ainda existe a representatividade dos casarões antigos, o que contrapõem o contraste da proposta com o que temos no centro de Cuiabá.
    Quanto mais singular a cidade, mas dimensão do atrito se torna na busca do diferente e desconhecido. É necessário reaproximar áreas para que haja interdisciplinaridade na busca de melhorar o ambiente restaurado, saber dominar as tecnologias, onde o homem contemporâneo perdeu a noção do todo e tem problemas complexos que uma disciplina não consegue dar conta.
     Vamos recorrer ao autor John Locke(1632-1704) diz que “ninguém nasce sabendo, o conhecimento de ninguém aqui pode ir além da sua experiência”, descobrir acordes teóricos provocando diálogo entre elas (disciplina), fazendo surgir novas áreas do conhecimento. Temos que buscar pessoas com mente aberta, com relação a interdisciplinar na discussão do tema com a ideia solida.
     Quanto a maneira de pensar neste projeto como Capitalismo, o autor Lazzarato (2006, pag. 135) diz que:

Trabalha nessa mesma direção e ao mesmo tempo opera uma ruptura de perspectiva: ao passo que aprofunda alguns dos principais elementos teóricos da proposta negriana (o próprio conceito de multidão e de singularidade), o autor afirma a necessidade - para produzir os "mundos possíveis" - de romper de vez com a tradição marxista e, pois, com a própria noção de centralidade do trabalho, inclusive aquela de "trabalho imaterial" (LAZZARATO, 2006, pag. 135)

     Diante do exposto o autor trabalha com o Capitalismo moderno (cada pessoa tem um modo de pensar e agir), criação da singularidade que pode ser considerado uma Performace.

     Em sala de aula obtivemos diversos questionamentos com esta intervenção sobre questão relacionada a arte contemporânea, costumes, tradição e fragmentos do fato.

     O autor Canclini (1997, pag. 283-350) diz que:

Relaciona-se com a possibilidade de pesquisar materiais não enquadráveis nos programas com que as ciências sociais classificam o real. Pergunto-me se a linguagem descontinua, acelerada e paródica do videoclipe É pertinente para examinar as culturas hibridas para desfazer as ordens habituais e deixar que emerjam. (CANCLINI, 1997, pag.283)

       As culturas hibridas tem a ver com novas modalidades de organização da cultura, etnias e nações. A herança cultural está ligada com resposta penal contra a ignorância, que deve ter a dimensão cultural, através do conhecimento. A comunicação entre culturas está ligada com a criação do sujeito, devido a reunificação dos elementos da experiência e do pensamento humano.

       Além disso, o Turismo que está sendo vendido como ponto turístico de revitalização, algo que não e existe na cidade de Cuiabá, nenhum dos momentos foi pensado na população local, tornando algo maquiado pelo Poder Público.

        O intuito desta intervenção urbana é levantar questões políticas, Turismo segmentado (uma performance completa com a experiência) e estética da existência como algo natural no cotidiano das pessoas.

REFERENCIAS

CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas Hibridas- estratégias para entrar e sair da modernidade. Traducao de Ana Regina Lessa e Heloisa Pezza Cintrao. São Paulo: EDUSP, 1997. Pag. 283-350: culturas hibridas, poderes oblíquos.

LAZZARATO, Maurizio. As revoluções do capitalismo. Tradução de Leonora Corsini- Rio de Janeiro Civilização Brasileira, 2006

SOUSA, Rainer Gonçalves. "John Locke"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/ciencia-politica.htm>. Acesso dia 18 de Maio de 2017

Orla do Porto http://www.camaracba.mt.gov.br/noticia.php?id=5669 Acesso dia 18 de Maio de 2017

[1] Karina Rodrigues Taques

Turismóloga (Unirondon, 2009), Especialista na área de Gestão Ambiental, Aluno Especial de Mestrado em Estudos de Cultura Contemporânea (UFMT, 2017)